My Diary #3
#3
1ªConsulta com a Médica Oncologista, marcada para as 15:00, antes de iniciar a quimioterapia.
As 17:00 ainda estava à espera, agora com menos paciência e com algumas dores de costas por estar tantas horas sentada, naquelas cadeiras duras, idênticas às das finanças.
Já com alguma impaciência, vou questionando o que se passa e descubro que o meu processo anda perdido no hospital, entre exames e consultas, não sabem onde pode estar.
Finalmente apareceu, posso entrar para a consulta. Mal abro a porta, oiço:
-"Tenho boas noticias para si!"
Durante uns segundos pensei: "estou curada, enganaram-se no diagnostico, existe uma nova cura..."
-"vamos informatizar o sistema!"- Diz ela
Bolas! Por um momento deu-me mesmo imensa esperança, mas isso também não é mau!
Receitas para a compra da peruca, receitas para aviar na farmácia do hospital e outras para aviar na farmácia da rua, porque os sintomas são mais que muitos. Pesar, ver as análises, dar opiniões contrárias à dos colegas que me acompanham e segue para Bingo!
Dia de Quimioterapia, encaminho-me para o contentor pré-fabricado, denominado Hospital de dia 1 e 2, já tenho um cadeirão disponível e a enfermeira muito cuidadosa, vem com as 6 embalagens de material intra-venoso que vou receber, preparados especialmente para mim naquela hora.
As veias do lado direito ficam brancas, feitas cobardes, informando que não têm nada a ver com o assunto, resta o lado esquerdo, esse maldito lado infectado, onde de qualquer forma após a cirurgia tudo irá ficar arrasado.
Uma veia mais grossa e mais verde, será a desgraçada que irá suportar a agressão. Ao fim de 1 hora, todos os líquidos dos saquinhos entraram, gota a gota para dentro do meu sistema e vão começar a actuar.
Como acho que sou muito forte, fui almoçar fora com o meu marido e ainda marquei corte de cabelo para a tarde com as amigas de longa data. Não tardou muito para que tivesse quase a cair para o lado, com dores de cabeça, náuseas e tonturas.
Era noite de Halloween, a minha filha e uma amiga deliciavam-se com a minha mala de maquilhagem no quarto dela e o meu filho já estava pronto com a sua mascara de lobisomem para ir com o pai vestido de zômbie, bater à porta de alguns vizinhos. Ainda pouco acostumados a esta moda americana, uns vizinhos avisaram que não eram os "donos da casa", outros fingiram não estar e no dia seguinte vi que dentro do saco da guloseimas havia umas moedas de cêntimos, o que dava a entender que algumas pessoas entenderam aquilo como um assalto.
A noite também foi de bruxas para mim, o meu corpo estava a combater aquilo como era de esperar e os sintomas são terríveis e assustadores.