My Diary #7
#7
Com o ultimo ciclo de quimioterapia a chegar ao fim, é tempo de pensar no próximo passo: a Cirurgia.
O meu médico cirurgião, sempre energético e bem disposto, está muito bem preparado com todos os argumentos válidos, para debater com os seus chefes hierárquicos, que decidem, nestas consultas multi-disciplinares.
Depois de rabiscarem toda a minha mama esquerda com caneta azul, durante a discussão dos 3, lá chegaram a uma conclusão, suportada pela minha decisão de que quero fazer apenas uma cirurgia e não várias.
Na pequena sala, está o meu marido sentado, enquanto eu de pé e em tronco nu, tento compreender o que significam aqueles termos científicos, até que de repente surge um termo que eu conheço, "fiambre". Uma fatia de fiambre, seria o que ficaria após a cirurgia, assim sendo, é preferível a mastectomia.
Esta decisão, reduz o risco de recidiva no local e permite reavaliar a necessidade de fazer radioterapia à posteriori.
Em resumo, será retirada a mama e esvaziada a axila, rodam um músculo das costas para a frente, colocam uma prótese e uma aureola feita com pele das costas, que mais tarde se pode tatuar com cor.
Será o adeus definitivo a alguma campanha no Intagram, do género #FreeTheNipple", porque ele não vai existir!
Estado actual: Pele escura e unhas ligeiramente negras, sem cabelo, sobrancelhas ou pestanas. Profundas olheiras, 10 kg de inchaço provocado pela medicação, dores nos ossos, várias nódoas negras em cada local picado por agulhas nas ultimas semanas e uma certa tristeza.
Para me reconfortar algumas pessoas dizem-me: "pensa que há pessoas com doenças piores.", mas infelizmente esta fórmula de olhar para quem está pior para me sentir bem, não me trás nenhum consolo.
Não se preocupem, tudo isto é normal e vai passar, assim como o cabelo irá crescer a seu tempo...
Se estivesse numa discoteca dos anos 90, iria ter com Disco Jockey e pediria para ele colocar a musica "I will Survive", porque é isso que vai acontecer: Eu vou sobreviver a isto.