My Diary #11

A vida como ela é...
Quando vejo catástrofes como a que aconteceu recentemente no incêndio do Pedrógão, torna-se muito mais esclarecedor na minha mente que não existe um Deus responsável pela nossa vida ou morte.
Para quem está vivo, é sempre bom relembrar que não será para sempre e que de um momento para o outro, acabou.
Não vale a pena dizer que necessitavam de mais tempo para realizar tudo o que não fizeram antes, porque tal como dizia o nosso talentoso actor António Feio -"Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizernada por fazer.” 
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Desta batalha que travo com o Cancro, não sei quem será mais forte, mas de uma coisa podem ter a certeza, nunca me sentirei derrotada.
Fiz sempre tudo aquilo que quis, tenho uma vida muito bem vivida e estou em paz com o facto da minha vida poder vir a ser mais curta do que todos pensávamos.
Para todos aqueles que me rodeiam e a quem poderei gerar saudades, será reconfortante saber que assim foi.
Ontem perto da meia-noite, quando regressava a casa depois das aulas da Pós-graduação, senti-me obviamente cansada. O meu corpo nas ultimas semanas perdeu força e surgiram sintomas por todo o lado dessa fraqueza (Eczema, Aftas ...).
Pensei: - Porquê estudar agora? Estavas melhor sentada no sofá a fazer zapping! Até que ponto é que os desafios a que eu me imponho na vida, são realmente benéficos para mim? Deveria eu ter ficado quieta, concentrada apenas em sobreviver e recuperar?  Naaaah, isso não é para mim!
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A noite foi mal passada, a ansiedade da resposta ao exame do novo nódulo é grande e por isso quando segundo a segundo, chegam as 10 da manhã, hora da consulta, sinto um grande alívio.
Quando entro, a enfermeira avisa-me que vamos apenas tirar os pontos e colocar uns adesivos que já me permitem tomar banho, pois o resultado do exame ainda não chegou. :-(
Como diz o meu grande amigo Jorge, "quem morre de véspera é o peru!", por isso, o melhor é não perder mais nenhuma noite a pensar nisto. 

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