My Diary #15

44 anos... mas quando vejo o reflexo de mim mesma no espelho, ainda olho nos olhos da mesma miúda de 19 anos que partiu para Paris.
As mesmas inseguranças e as mesmas noites de insónia.

Durante alguns meses fui a única residente de um prédio remodelado no nº4 da Rua de la Ville Neuve.
O meu apartamento foi assaltado, durante uma visita aos meus pais a Lisboa e a partir desse dia, as noites passaram a ser de alerta ao mínimo ruído.
Até hoje, mantive sempre esse estado de alerta, nunca mais me senti segura.

Sempre ouvi as pessoas mais velhas dizerem "Gostava de voltar a ser jovem mas saber o que sei hoje", no entanto, eu sempre me questionei sobre a verdadeira importância do que teriam aprendido. 

Durante uma noite "regressei a 1992", num jantar maravilhoso em Paris, onde reencontrei os meus queridos 5 colegas da escola de moda na qual estudei. Voamos da Suécia, Japão e Portugal para celebrarmos juntos a nossa amizade e as recordações que guardamos desse tempo de estudantes com muito carinho dentro de nós.


A família sempre me perguntou se sabendo o que sei hoje, estava arrependida pela minha opção de estudar moda e não uma licenciatura noutra área onde tivesse maior estabilidade profissional e eu digo de imediato que não trocaria aquela experiência por nada.

Foi este percurso profissional irregular que me permitiu trabalhar com gente maravilhosa, aprender tanto e ainda assim, manter a humildade face aquilo que consideramos ser seguro.

Após a minha doença e tendo em conta a minha idade, era um pouco incerto se conseguiria voltar a trabalhar numa área na qual eu me sentisse entusiasmada.

Em Outubro comecei a trabalhar para uma empresa de moda no sector digital. Parecia ser um trabalho menor uma vez que era desempenhado em Out-sourcing num dos gigantes mundiais de Call-centers. O salário não era espetacular e o horário também não, mas mesmo assim decidi aceitar.

Acabei por conhecer o melhor grupo de trabalho, com um enorme espirito de equipa e fazer amigos daqueles que se encontram 1 num milhão. 
Por isso...a minha conclusão é: O caminho pela auto-estrada seria muito mais recto e seguro, mas a estrada de terra batida e com curvas tinha uma vista muito melhor e ainda conhecemos pessoas maravilhosas a cada paragem.



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